CONHEÇA A MINHA HISTÓRIA
Uma das minhas primeiras lembranças de infância é de ver o trem na estação Vila Clarice em Pirituba. Era um passeio longo, onde íamos eu, meu pai e minha irmã ainda no carrinho de bebê, observando as ruas e catando pedrinhas.
Nasci em 1980 e morei até os 8 anos no bairro de Pirituba, na região noroeste de São Paulo. Depois, fomos morar na Cidade de Campinas, onde passei minha adolescência. Estudei o ensino fundamental na rede particular e as mensalidades eram pagas com muito esforço dos meus pais. Quando chegamos no limite, fomos solicitar uma bolsa de estudos, já que eu era considerada uma das melhores alunas do colégio. Para minha surpresa, a bolsa foi negada pois eu não fazia parte da igreja que mantinha o colégio. Foi uma das minhas maiores decepções.
O Ensino Médio na rede pública foi um choque de realidade. Durante o primeiro ano senti o abismo na qualidade de ensino entre a escola pública e a privada. O esforço dos professores era nítido, mas algumas barreiras impediam que a escola garantisse que todos aprendessem.
Já na faculdade de Letras, na USP, enfrentei outros desafios. Na mesma época, meu avô sofreu um AVC e, para colaborar com os gastos da família, comecei a trabalhar no shopping. Nessa mesma época conheci o Lin, meu companheiro até hoje. Peguei um período de muitas greves na universidade. Ao mesmo tempo, o trabalho me trazia grandes possibilidades de crescimento profissional. Abri mão da faculdade para ter uma carreira no varejo e fui estudar algo que fazia mais sentido para mim naquele momento.
Nessa transição, me descobri apaixonada pelo teatro e resolvi arriscar. Eu tinha um dinheiro guardado que me permitiu fazer cursos incríveis e montar a minha companhia teatral. Foi um dos períodos mais significativos da minha vida. Durante seis anos, pude estudar dramaturgia e produzir cinco espetáculos dos quais tenho o maior orgulho. Fui estudar cinema e o universo artístico ia me encantando cada vez mais.
No finalzinho do curso, engravidei. O Miguel não estava nos planos e foi o responsável por alterar todos os rumos da minha vida.
O Miguel nasceu em 2016 - e com ele comecei a conhecer as políticas públicas voltadas para as maternidades e infâncias. Tive acesso ao melhor pré-natal de São Paulo, via SUS, através do programa Mãe Paulistana, e o parto também aconteceu em um hospital de referência da rede municipal. Enquanto tivemos acesso a um atendimento excelente, eu ouvia relatos de outras mães que passaram por situações muito diferentes da minha: falta de consultas, exames e acolhimento dos profissionais. Isso me deixava muito mal e eu passava o dia orientando mulheres nos grupos on-line que participava a buscarem o direito de receber o mesmo atendimento que recebi. Dizem que quando nasce um bebê, nasce uma mãe. No meu caso, nasceu um bebê, nasceu uma ativista
Criei um perfil nas redes sociais para divulgar espaços e serviços para crianças em São Paulo. O Ocupababy foi um hobby que se transformou em um movimento de ocupação da cidade pelas crianças. Lá eu incentivava mães e pais a ocupar a cidade com seus filhos, além de discutir ações para a primeira infância.
A cada dia eu me apaixonava mais pelo acesso à cidade, resolvi, então, cursar a pós graduação da Escola de Contas do Tribunal de Contas de São Paulo em parceria com a Escola do Parlamento. No primeiro dia do curso, a professora perguntou o porquê de estarmos ali e respondi:
“porque quero construir políticas públicas voltadas para maternidades e infâncias”.
Nesse período, o Miguel começou a frequentar o CEI, Centro de Educação Infantil, ou creche da prefeitura, como é mais conhecido. Lá pude fazer parte do Conselho Escolar e entender como se constrói uma escola pública democrática de fato. Também fiz parte do Conselho Gestor de Saúde da Vila Mariana, onde compreendi a importância do fortalecimento do SUS.
A política já estava na minha porta quando fui selecionada para o RenovaBR. O curso foi importante para que eu pudesse ter acesso a uma formação de qualidade no assunto. No início de 2020, fui selecionada pelo Vamos Juntas, um programa de formação e mentoria idealizado pela deputada federal Tábata Amaral. Apenas eu e mais 51 mulheres neste Brasil inteiro podemos nos apresentar como Líderes Vamos Juntas.
A jornada foi ficando cada vez mais evidente - e aquela menina de Pirituba que adorava ver o trem na estação se transformou na mulher que luta pela primeira infância e pelo acesso à cidade.
Prazer, sou Lígia Jalantonio e
sou candidata à vereadora na cidade de São Paulo,
pelo partido Rede Sustentabilidade.